Mesmo com inflação em queda, presidente do BC indica que juros devem ter só mais um corte

10/04/2018

 pesar de a inflação oficial ter vindo baixa em março, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, manteve o discurso de que a taxa básica de juros da economia deve sofrer apenas mais um corte, que pode ocorrer na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para os dias 15 e 16 de maio.

Hoje a Selic está 6,5% ao ano, o menor patamar desde 1986. O novo corte em maio, se ocorrer, será o 13º seguido.

"Para reuniões além da próxima [de maio], salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação, o comitê [Copom] vê como adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária [corte de juros]" declarou Goldfajn, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Segundo Goldfajn, os próximos passos da política monetária, ou seja, da definição de juros para atingir as metas predeterminadas de inflação, "continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação".

Mais cedo nesta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação ficou em 0,09% em março, a mais baixa para o mês em 24 anos. Em doze meses até março, a inflação soma 2,68%. Esse índice está abaixo do valor mínimo previsto para a inflação neste ano, que é 3%.

 

Relação entre inflação e juros

 

O Banco Central é obrigado a perseguir uma meta de inflação todos os anos. O sistema prevê uma meta central, que é de 4,5% em 2018, e um intervalo de tolerância, com um valor mínimo (piso) e máximo (teto) para a inflação. Neste ano, o piso é de 3% e, o teto, de 6%.

Isso significa que o BC terá cumprido oficialmente a meta de inflação neste ano se ela ficar entre 3% e 6%. Ou seja, a inflação não precisa registrar exatamente de 4,5%.

Para cumprir essa meta, o Banco Central aumenta ou reduz os juros (Selic), o que influencia nas taxas cobrada pelos bancos nos empréstimos.

Quando a inflação está alta, o BC tende a subir os juros. Essa medida torna mais caro o crédito e, consequentemente, leva as pessoas a consumir menos, fazendo com que os preços - e a inflação - baixem. Já quando a inflação está baixa, como agora, ocorre o contrário: o BC costuma cortar a Selic para incentivar o consumo.

O corte dos juros pelo Banco Central, portanto, tende a acelerar o crescimento econômico. Por isso há pressões para que o Copom mantenha o processo de redução da Selic.

 

Juros bancários

 

O presidente do BC afirmou ainda que os juros bancários, e também o chamado "spread" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes), estão em uma tendência de queda, em linha com a redução da Selic. Entretanto, ponderou ele, esse ritmo não está adequado.

"Queremos que a redução seja mais rápida, para que tenhamos logo crédito mais barato para famílias e empresas. Esse é um assunto da maior importância para nós, e o Banco Central tem se empenhado na implementação de ações para baixar o custo do crédito", declarou ele.

Golfajn acrescentou que o objetivo é atacar, "de forma estrutural, não voluntariosa", todas as causas que tornam o custo de crédito alto no Brasil. Segundo ele, essas causas são: o alto custo operacional e regulatório; falta de boas garantias; necessidade de mais informação no sistema; subsídios cruzados; altos compulsórios; insuficiente estímulo à concorrência.

 

Autonomia do Banco Central

 

Ilan Goldfajn, chefe do BC, também voltou a defender a autonomia da instituição, ou seja, a definição de mandatos fixos para os diretores e para o presidente do Banco Central.

"A condução da política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação] tem gozado de autonomia de facto, mas é preciso construir uma autonomia de jure [na lei]. Temos que criar instituições que dependam menos de pessoas e mais de regras", afirmou ele aos senadores.

Ele acrescentou que, caso seja aprovada pelo Congresso Nacional, a autonomia do BC representará um "avanço institucional importante, com ganhos para o país, através da queda do risco pais e da queda da taxa de juros estrutural".

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